A crítica de Aristóteles ao mundo das idéias de Platão

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

 


A filosofia aristotélica foi grandemente influenciada por Platão. Entretanto, Aristóteles rompeu com seu mestre . Não obstante isto, o entendimento da obra de Aristóteles precisa ser concebido em paralelo à obra platônica, especialmente no que concerne à crítica aristotélica da teoria dos mundos de Platão.
Pois bem, segundo Platão, como vimos no Mito da Caverna de Platão, existem dois mundo distintos: o mundo das idéias (que é o mundo das verdades eternas, onde estão as idéias do Belo, do Bem, as entidades matemáticas, etc.), que pode ser apreendido apenas pela intuição intelectual, e o mundo sensível (o mundo que nos chega pelos sentidos: olfato, tato, visão, etc.), que é apreensível apenas pela intuição sensível. Para Aristóteles, Platão cometeu um grande equívoco ao lançar mão do seu mundo das idéias. Para ele, o esquema dualista platônico teria reduzido o Universal à situação de objeto particular, que se encontra no mundo das idéias.
Segundo o ponto de vista aristotélico, o Universal está nas coisas ou nos objetos particulares. Ou seja, a idéia de livro se realiza em cada livro, sem que seja necessário pensar a idéia universal de “Livro” existindo de forma independente no mundo das idéias. Em outras palavras, Aristóteles transporta para as coisas particulares as idéias eternas ou universais (de Platão). Ou ainda, traz para o mundo sensível as idéias eternas de Platão, que existiam independentes no mundo inteligível.
Para fazer isto, Aristóteles teve de criar uma nova terminologia, isto é, desenvolver novos conceitos: matéria, forma, substância, acidente, ato potência. Na terminologia desenvolvida por Aristóteles, as idéias eternas ou universais são substituídas pela idéia de “substância”. É esta substância que, quando se lhe cria, produz ou aplica uma forma, se transforma num objeto ou ser singular. Por exemplo, quando damos a forma de uma cadeira à substância madeira, então temos uma cadeira particular. Em outras palavras, uma cadeira particular é composta de uma substância, que é algo universal (neste caso, madeira), e de uma forma, que a particulariza (forma de cadeira). (ARISTÓTELES, 1996).
O mundo, do ponto de vista epistemológico (isto é, do ponto de vista do conhecimento), é composto de substâncias (isto é, formas materializadas) e seus acidentes, que são suas qualidades ou propriedades. Dito de outra maneira, as substâncias seriam suportes para
as qualidades, como o cheiro, a cor, o formato, etc. Isso significa que os acidentes ou propriedades não podem subsistir sozinhos, como é o caso das cores, por exemplo. Tem de haver uma coisa colorida, pois, do contrário, não há cor. Portanto, apenas percebemos diretamente os acidentes, e as substâncias são percebidas apenas através de suas qualidades, propriedades ou acidentes.
Ainda segundo Aristóteles, com relação às mudanças, as substâncias, ou estão em “ato” (prontas, acabadas), ou estão em “potência” (isto é, podendo vir a se tornar algo, a se transformar em algo). Um bloco de mármore, por exemplo, encontra-se em potência, podendo vir a assumir uma forma qualquer, uma estátua. Quando isto acontece, encontra-se em ato, pois assumiu uma forma.
O corpus aristotelicum é profundo e vasto, motivo suficiente para não avançarmos em sua análise. Cumpre-nos apenas adiantar que as idéias aristotélicas, após uma importante incursão pelo mundo árabe, com Avicena e Averróis, ganhariam projeção novamente na Idade Média, com Tomás de Aquino, que promoveu sua conciliação com os dogmas do cristianismo. Mais uma vez, o discípulo trilharia os passos de seu mestre, Platão.

Nota: para compreender bem esse texto , leia o texto neste blog intitulado "OMito da Caverna de Platão" ( o texto ) e ainda "Explicação sobre o Mito da Caverna"

Fonte: http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20080428090047AAk1unv

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